A União Europeia e os Estados Unidos abandonaram a América Latina e a China é o player dominante na região?
Um estudo do Real Instituto Elcano desafia essa percepção
A percepção de que a União Europeia (UE) e os Estados Unidos (EUA) abandonaram a América Latina, deixando um vácuo que a China preencheu, tornando-se o player dominante na região, tem sido amplamente divulgada. No entanto, um estudo recente do Real Instituto Elcano, intitulado "¿La Unión Europea y Estados Unidos han abandonado América Latina y China es el jugador dominante en la región? Del relato a los datos", desafia essa percepção.
O estudo, publicado em 9 de agosto de 2023, analisa cuidadosamente os dados e conclui que essa percepção não se sustenta. A realidade é que a América do Sul é muito "mais europeia" do que se pensa. A UE é de longe o maior investidor na região, com investimentos 20 vezes maiores que os da China. Além disso, a UE é o maior fornecedor de equipamento militar e o destino preferido de turistas, estudantes e migrantes da América do Sul.
Em termos de financiamento, os empréstimos bilaterais da China para a região são uma proporção muito pequena quando comparados aos empréstimos do FMI e do Banco Mundial. A influência da China no plano militar é praticamente nula, e a UE e os EUA continuam sendo os players dominantes na América Latina.
O estudo também destaca que a percepção de que a China é o player dominante na região é alimentada por uma série de fatores, incluindo a crescente presença da China na América Latina em termos de comércio e investimento. No entanto, quando se analisam os dados em detalhes, fica claro que a UE e os EUA continuam sendo os principais atores na região.
Os autores concluem que a América Latina continua sendo uma região estratégica para a UE e os EUA, e que a China não é o player dominante na região. A presença da China na América Latina é importante, mas não é dominante.